PERFIL

Liderar com Excelência

Afinal, o que é um Gestor competente? GESTORES EM PAUTA entrevistou o professor Claúdio Queiroz*, autor do livro “As Competências das Pessoas”, presente das AGECEFs/SP aos seus associados. Instrutor Gerencial e Formador da CAIXA h á 15 anos, o escritor revela como os Gestores podem desenvolver suas competências para obter resultados excelentes no atual e dinâmico cenário empresarial.

Qual é a proposta da obra “As Competências das Pessoas”?

Apresentar, de forma simples, as 16 competências que o contexto empresarial exige dos profissionais. Exponho um resumo de cada uma, conhecimentos, habilidades, atitudes e comportamentos de entrega, ações que nos permitem saber se realmente estamos realizando atividades que elevam nossas chances de apresentar a competência. Também indico livros e filmes para o leitor aprofundar seus conhecimentos.

Quando você decidiu produzi-la?

Identifiquei a carência de um livro que potencializasse o entendimento das competências, oportunizasse aos leitores montar seu plano de desenvolvimento pessoal e orientasse os Gestores a contribuírem com o desenvolvimento de seus liderados. O livro foi lançado em 2008 e está na 7ª edição.

Afinal, o que é competência?

Conjunto de conhecimento, habilidade e atitudes (CHA) que, pelos comportamentos de entrega, potencializam o alcance dos resultados. É insumo à realização de ações que viabilizam a expressão da competência.

O contexto corporativo atual pena pela escassez de profissionais competentes para atuar num mercado cada vez mais competitivo. O que tem provocado tal carência e quais são as implicações?

O redemoinho do dia a dia tem tirado o profissional da atribuição indelegável de se desenvolver. Outros pontos são nossa mentalidade de curto prazo; a falta de propósito existencial que não permite que vejamos sentido na busca por desenvolvimento; o contexto brasileiro que nem sempre prioriza a Educação e a visão imediatista de algumas empresas, cujo desenvolvimento de seus colaboradores não seja o foco. Isso implica na falta de profissionais a novos desafios, estresse elevado e redução da chance de alcance de resultados excelentes.

O que é um Gestor competente, no cenário atual?

É aquele que foca em três coisas: Gestão de Negócios, de Pessoas e de Processos. Tem clareza de seu papel como “visionário”, não se prende no presente e vê além do imediato, ou seja, tem pensamento estratégico = visão estratégica + visão sistêmica.

Como realizamos um autodiagnóstico para identificar os gaps e desenvolvê-los?

Primeiro, fazer uma leitura do cenário e identificar que competências o mercado exige. Se não atentarmos ao nosso autodesenvolvimento, não seremos contratados para o que fazemos hoje. Este autodiagnóstico envolve uma imersão em nós mesmos, mas reforço que o modelo “avestruz”, às vezes, não permite que tenhamos a real clareza de nossos talentos, competências, valores, âncoras de carreira, medos e perfil psicológico. Escrevi o livro “O ELO da Gestão de Carreira”, com a Chris Leite, em que apresentamos passos para o indivíduo percorrer esta jornada de autoconhecimento.

Como o Gestor pode e/ou deve contribuir para potencializar os talentos de seus liderados e obter sucessos coletivos?

À priori, contribuir para que seus liderados identifiquem seus propósitos, que papeis (pai, esposo, amigo, irmão, etc.) são importantes para ele e que ações deve fazer para acelerar os blocos: propósitos e talentos. Depois, discutir com os liderados a responsabilidade de cada um “buscar seu desenvolvimento”. No aspecto sucesso coletivo, a liderança deve potencializar a existência de alguns insumos indispensáveis: Objetivo Comum; Respeito às Diferenças; Colaboração e Confiança. Integrando isso é possível termos a complementariedade, fundamental para acelerar o sucesso de Equipes. Saber escolher pessoas certas para as posições é essencial. Como diz Jim Collins: “as pessoas não são nosso maior patrimônio, Pessoas Certas, sim, são nosso Maior Patrimônio”.

Qual é o papel da empresa no processo de formação profissional?

Expor que ela espera que o profissional assuma seu papel de responsável pelo autodesenvolvimento, criar um clima propício à revelação de talentos, identificar desafios individuais que elevem as chances de superação pessoal, dar feedback e esclarecer uma política de consequência (positiva e negativa). Também é função da empresa se atualizar (inovar), criar um ambiente adequado à manifestação da criatividade de todos os colaboradores, e, acima de tudo, SER JUSTA.

A recente conjuntura empresarial exige de líderes, atividades além de suas formações acadêmicas. Diante dessa constatação, que mensagem deixa aos Gestores?

Nunca entreguem seu desenvolvimento nas mãos de pessoas ou instituições. Todos os líderes que admiro foram além do que foi entregue a eles, com ferramentas de desenvolvimento. Continuem a fazer leituras de cenários. O grande líder vê a onda antes de ela chegar. O verdadeiro líder é apaixonado por duas coisas: Resultado e Estratégia. De nada adianta muito esforço sem uma estratégia adequada.

*Cláudio Queiroz é bacharel em Administração pela Fundação Edson Queiroz – UNIFOR/FO, pós-graduado em Recursos Humanos – IAG Master pela PUC/RJ, em Marketing pela Escola Superior de Propaganda e Marketing – ESPM/SP e mestre em Administração pela Universidade Mackenzie/SP