COMUNICAÇÃO NO MUNDO CORPORATIVO: A IMPORTÂNCIA DA INTEGRAÇÃO PRESENCIAL ENTRE LÍDERES E EQUIPES

Vivemos na era da modernidade, em que a informação flui instantaneamente, e, em contrapartida, as relações deixaram de ser “olho no olho”.

O aspecto da tempestividade é positivo para agilizar as demandas. Todavia, a interação interpessoal não pode ser substituída pelo relacionamento “olho na tela e dedo no teclado”.

Muitas vezes, o ato de ler e responder rapidamente a solicitações, recados, cobranças com apenas um simples “ok” ou “bom dia” pode nos rotular e nos avaliar de forma equivocada.

Almejamos o foco no relacionamento one to one com nosso cliente, procurando atendê-lo com excelência e suprir todas suas demandas. Entretanto, venho propor uma reflexão sobre a forma com que nos comunicamos nos bastidores do âmbito corporativo: por trás de todo esse engajamento para prestar um serviço profícuo ao público, existe nosso cliente interno. Quem é ele? Trata-se do grande responsável por executar todas as estratégias, milimetricamente desenhadas, para alcançar os objetivos estabelecidos.

Com o advento das inovações tecnológicas, defrontamo-nos também com um paradoxo fulgente e muito preocupante. O nosso cliente interno – tão essencial para que todas as engrenagens da Empresa funcionem perfeitamente – acaba por ser tratado de forma massificada, mensurado apenas por relatórios. Ficam limitados, os conhecimentos de sua história de vida e sua jornada profissional. Não há distinçã o de sua área de atuaçã o e mercado local, tratando todos como iguais e, na verdade, não são. Cada qual exerce uma funçã o específica e relevante, que precisa ser analisada com critério para que haja uma boa gestão de equipe.

É ele o saudosista? Acredito que não! Mas de fato sinto falta de uma época em que líderes educadores nos olhavam diretamente e nos orientavam, sem intermédio de nenhum recurso tecnológico, quais os caminhos a serem trilhados. Considero preponderante esse contato pessoal e humanizado para realizar os diagnósticos necessários a fim de suprir e apontar as carências, para viabilizar as entregas esperadas (como os da nossa carteira, região de atuaçã o, setores empresariais da região, etc).

Outro ponto fundamental são os feedbacks construtivos, muitas vezes não muito agradáveis, mas que visavam ao nosso crescimento. Faziam-nos refletir, olhar para dentro de nós mesmos e crescer. Olhando para trás, hoje, nos deram a necessária sustentaçã o para dormir em paz. Sabendo que estamos fazendo o caminho certo.

Os altos gestores saiam ao mercado e faziam grandes negócios, concretizavam parcerias importantes e nos transmitiam mais segurança porque estavam presentes conosco na ponta, conheciam o nosso cotidiano e, principalmente, nossos clientes.

Essa sinergia corroborava a abertura de excelentes possibilidades.

O atual cenário nos traz outras ferramentas que transformaram a metodologia de trabalho. Contamos com facilidades que não tínhamos antes. Para que ligar e entender se, em apenas alguns segundos e um send, centenas de pessoas recebem um comando e o desespero e a agitaçã o, em efeito dominó, tomam conta do momento? Muitas ações são redirecionadas e a corrida maluca se inicia. Daí vem à tona: “Quem será o primeiro?” “Quem não leu?” “Quem não respondeu?” “Olha o horário, fulano”... e, neste ritmo desenfreado, o mundo corporativo segue.

E amanhã? Tudo novamente num ciclo vicioso. Os mesmos desafios perderam sua essência. Todos nós, meros escravos da modernidade, ficamos expostos ao desespero de não saber para onde mirar primeiro. Aqui e lá. Lá e acolá.

Espero que um curso para novos “líderes de WhatsApp e afins” jamais seja implementado, ou inserido como matéria obrigatória... Já temos muitos experts no assunto.

Velhos hábitos, valores e habilidades deveriam ser resgatados para que pilares fortes voltassem a ser erguidos e admirados. Imaginemos um dia utópico, sem celular, o que aconteceria no mundo corporativo? Seríamos capazes de retomar os velhos e bons costumes ou algumas fraquezas e deficiências de gestão seriam expostas?

Defendo a temperança! A informação deve dimanar, a comunicação precisa ser veloz, afinal, o cliente espera por isso. O mercado, o mundo globalizado e nós necessitamos desta celeridade também, desde que utilizada de maneira adequada. Lembremos que tudo em excesso é prejudicial e alienante.

A palavra-chave para uma carreira sólida, um ambiente de trabalho saudável é EQUILÍBRIO!

Ed Marcos Saba
Presidente eleito da AGECEF/SP