TEMPOS MODERNOS

TEMPOS MODERNOS: A MECANIZAÇÃO DAS EMOÇÕES

No último ENAGECEF, a presidente do Condel, Deosinedes Mognato, falou da mecanização das emoções: “O filme Tempos Modernos nunca fez tanto sentido”. Com o assédio moral debatido no evento, a campanha da FENAG e da CVV, GESTORES EM PAUTA a entrevistou a fim de aprofundar o tema no universo dos gestores da CAIXA.

Você falou sobre a necessidade da humanização das relações nas empresas. Qual é a associação com o atual contexto dos bancos e o papel da FENAG?

Trouxe à luz uma situação notada no primeiro dia de trabalho do Condel. Nas discussões, muitos colegas estavam abrindo mão de condições básicas que sempre lutamos como não terceirização e valorização da carreira dos gestores por situações que amenizassem seu dia a dia laboral, mas arriscando conquistas históricas da organização do corpo funcional da CAIXA, em especial, do que buscamos como uma federação de associações que representam os gestores. Estamos entranhados no nosso cotidiano e agimos de modo mecânico sem questionar. Isto nos torna mecanizados. Cumprimentamos de forma automática e guardamos a resposta em uma caixa sem tratar de modo humano. E pior: fazemos isso com nós mesmos. Estamos guardando as emoções e agindo como esperam de nós, mecanizando-as. A caixa de emoções não é visitada pelo dono nem pelos colegas de trabalho. Muitas estão transbordando e adoecendo vários gestores. Há muitos relatos de colegas com síndrome de pânico e problemas de saúde ligados ao adoecimento das emoções. Somos humanos e precisamos expressá-las, mas não como reflexos das ações que o mundo corporativo exige. O ambiente bancário, pelas particularidades das atividades diárias exigidas dos profissionais, sobretudo do corpo gerencial, é propício para promover esta mecanização. Daí a importância de trazer esta preocupação às AGECEFs e à FENAG. Neste ENAGECEF, o Condel aprovou a proposta de trabalharmos o Assédio Moral. Acredito que o assediador e o assediado, gestores ou não, já estejam com emoções adoecidas, por isso, suas ações são inadequadas. A FENAG lançou, na data de encerramento do Setembro Amarelo, a campanha nacional “Assédio Moral - A dor invisível é a mais cruel”. A ideia é contribuir para um ambiente colaborativo saudável de respeito e valorização das pessoas ao alcance dos objetivos empresariais, onde as relações profissionais se deem em bases de emoções humanizadas e profícuas.

Uma das mesas temáticas de debate discutiu gestão de pessoas e assédio. Que contribuições trouxeram e quais deliberações a serem encaminhadas pelo Condel?

Os debates são sempre muito ricos, pois trazem as percepções e realidades de várias regiões do país. Foi reavivado o grupo de trabalho sobre Assédio Moral e acrescentadas as discussões que tratem assédio sexual. Das ações, a mais importante é a campanha da FENAG.

Que leitura o Movimento Gestor faz da evolução exponencial da inteligência artificial no sistema financeiro que demanda novas habilidades e atuações dos gestores dos bancos?

Teremos de trabalhar o ser humano como diferencial no competitivo mercado bancário. Com a crescente evolução digital e a consequente redução de postos de trabalho, esta realidade alerta que é preciso mudar a forma de pensar, saindo do cotidiano operacional e atuar de forma estratégica, utilizando a inteligência artificial como uma ferramenta e não o contrário; sair da posição de vítima para ação proativa em que o preparo e a busca por conhecimento farão a diferença. Teremos que dominar o conhecimento de mercado financeiro, nos preparando para sermos consultores dos clientes, espaço que a tecnologia poderá nos ajudar. Teremos de estudar e nos aperfeiçoar na arte de se relacionar com os seres humanos, buscando formações em neorolinguística e neorossemântica e, logo, percebermos o cliente como ele é: um ser humano com história, sonhos e objetivos, em especial, financeiros e econômicos e, assim, continuaremos a coabitar neste mercado harmonicamente com a inteligência artificial.

Que mensagem você transmite aos associados da AGECEF/SP?

Valorize a força do coletivo, seja proativo em suas bases, busque conhecer o ser humano, em especial, a si próprios, pois seu cotidiano será mais tranquilo. A gestão da emoções é a base da vida saudável no ambiente pessoal e profissional. Há profissionais preparados para nos ajudar como coach ou buscando cursos de neorolinguística. Por experiência, minha atuação como gestora ficou mais leve após minha formação em neorolinguística e em coach com aplicação de nerossemântica. Obtive reflexos positivos na vida profissional e pessoal. É necessário investir nas pessoas, na atenção que damos, nas nossas emoções e relações.

Na CAIXA – Deosinedes aposentou-se como Gerente Geral em março após quase 30 anos, 18 na gestão. Iniciou a carreira de gestora como gerente de relacionamento. Passou pelas Agências Itarana, Jucutuquara, Praia do Canto, Beira Mar, Laranjeiras da Serra, Bento Ferreira e Goiabeiras, além do setor de Patrimônio e Serviços Gerais, no Espírito Santo. É administradora com ênfase em Marketing, pós-graduanda no MBA em Gestão Empresarial e formada em Neurolinguística e coach com ênfase em neurolonguista e neorossemântica.
No Movimento Gestor - Ingressou em 2004 e sempre fez parte da diretoria da AGECEF/ES. Foi vice-presidente entre 2012/2013, presidente entre 2014/2015 e nesta gestão até dezembro. “Busamos construir uma chapa única. A diversidade tem um ambiente propício quando a causa é única. Como presidente, participei mais ativamente do movimento a nível nacional, onde nossas ideias e posicionamentos são possíveis, em especial, nas reuniões do Condel. Com o alinhamento de ideias, fui convidada para presidir o colegiado. A responsabilidade é enorme, mas me sinto honrada com a confiança. Busco dar retorno com meu trabalho e pensamento focado no coletivo e na melhora das condições de trabalho do colegas gestores e em causas macro como o acompanhamento da Gestão da FUNCEF e de uma CAIXA 100% pública”.