CORED: nova cultura e evolução

Pela imensa e positiva repercussão da participação da Corregedora dra. Girlana Granja Peixoto, da CORED, na última edição do ENAGECEF – realizado em março, representando a CAIXA – a AGECEF/SP abriu um novo espaço especial de diálogo a fim de ampliar o debate acerca de questões que permeiam as políticas internas da Empresa e a conduta de seus profissionais no ambiente corporativo. Confira!

Qual é a missão da CORED?

A Corregedoria da CAIXA integra o sistema de Correição do Poder Executivo Federal, nos termos do Decreto 5.480, regulamentado pela Portaria CGU 335, de 30/05/06, e tem por missão gerir a aplicação do poder disciplinar na Empresa, bem como promover o aperfeiçoamento contínuo dos serviços prestados.

Nestes dois anos de implantação da área, o que a doutora pôde observar na Empresa e o que foi e/ou está sendo realizado?

Observo o desenvolvimento da nossa política de consequências. A utilização de uma visão sistêmica voltada à solução de questões que, há muito, São conhecidas pelas diversas áreas da CAIXA, as metodologias novas para investigação dos fatos, uso de novas tecnologias, utilização de inteligência focada em identificação de fragilidades que possam expor a Empresa ou os empregados. Enfim, nesse período de implantação da corregedoria, embora a estruturação ainda não esteja concluída, observo que já iniciamos uma mudança de cultura que certamente trará melhorias dos resultados da CAIXA.

Que resultados já podemos notar?

Ainda não disponho de dados objetivamente levantados, mas a minha percepção é de que já conseguimos diminuir o número de ocorrências e levar a consciência de responsabilização a todos os níveis da Empresa. Fazemos parte de um movimento de criação de um ambiente colaborativo com outras áreas, como Segurança, Risco, Segurança Tecnológica e Compliance. Atuamos, tempestivamente, para evitar novas perdas a partir de um caso identificado e pudemos prever, em alguma medida, casos que sequer ocorreram.

No 60º ENAGECEF, a doutora declarou que apenas a Corregedoria não soluciona os problemas na Empresa e, para tanto, é necessário identificar as fragilidades dos processos, causas e como acontecem; que as redes entendem tais lacunas e, logo, seus gestores devem comunicá-las aos seus superintendentes, que também já ocuparam esta posição, portanto, possuem conhecimento quanto aos anseios da classe. Como este diálogo pode ser construído e mantido?

Com foco no espírito público, união de propósitos e esforços em verdadeira sinergia, coragem e base nos valores éticos da Empresa; não apenas com discursos individualistas e de “aparência”. É preciso romper a barreira do medo e das crenças limitadoras, porque o Sistema é muito maior que a individualidade das pessoas. Acredito que os espaços para que o diálogo aconteça já existam, o que talvez ainda falte é a conversa. Tenho notado que os colegas têm muita dificuldade em dar e receber a “notícia ruim”. Para que a comunicação exista é preciso que haja quem fale e escute, muito mais do que apenas ouvir, e a mensagem. Quando fazemos algo, temos resultado positivo ou negativo, mas quando nada fazemos, nada temos. Pode ser uma zona de conforto, mas nada cresce. Como vamos ter resultados diferentes se insistimos em agir do mesmo modo?

No caso de um eventual assédio, a CORED disponibiliza canais para que os empregados se manifestem. Como é possível formalizá-la e como sucede o andamento pós-formalização?

Hoje, o canal para denúncias é o atender.caixa, mas recebemos também manifestações por e-mail, carta e pessoalmente. Dependendo dos fatos narrados, a questão pode correr no rito ético, que tem previsão na Resolução da Comissão de Ética Pública – CEP n 10, de 29/09/2008, ou no Rito Disciplinar, previsto no AE 079.

Como a Corregedoria certifica o empregado de seu resguardo sob sigilo e possíveis retaliações em caso de denúncia?

Pelo atender.caixa, o empregado pode não se identificar, ou enviar carta e e-mail anônimos. Se a denúncia for presencial e o empregado solicitar anonimato, assumo o compromisso de mantê-lo.No caso de possíveis retaliações, acompanhamos o desenrolar dos fatos para evitá-la, fazemos sensibilizações junto aos Gestores e a Alta Administração da Empresa. Estamos cogitando adotar outras medidas que possam mitigar esse risco.

A AGECEF/SP defende, constantemente, a salubridade e qualidade de vida dos gestores da CAIXA. Por este motivo, gostaríamos de abordar a seguinte questão: quando ocorre um eventual assédio a um empregado, a Empresa possui ou está elaborando algum programa voltado à saúde física e psicológica do empregado?

Segundo o Gerente Executivo da Área de Pessoas, Marcos Fábio, a CAIXA dispõe de um programa voltado a assistência psicológica do empregado vítima de assédio. A iniciativa é personalizada, conforme recomendação do médico do trabalho. Além das assistências oferecidas pelo SAÚDE CAIXA, dispõe ainda de diversas ações preventivas como Auriculoterapia Chinesa; BaDuan Jin; Ergonomia; Massagem Expressa; Orientações Nutricionais (PEON) ; Palestras Educativas; PALF – Programa Ambiente Livre de Fumaça; Programa de Educação Financeira; Programa de Reabilitação Ocupacional (PRO); Ginástica, Tai Chi Chuan e Yoga Laborais.

Um recente estudo* da AGECEF/SP apontou que as principais negligências cometidas na gestão são: liderar pelo terror, ser inacessível, n ão desenvolver pessoas com uma gestão educadora, não exercer a liderança quando chamado à responsabilidade, não conceder feedback, faltar com cordialidade no trato com os liderados, ser centralizador ou um executor de tarefas. Que avaliação a doutora faz destes dados, o que pode ser feito para evitar tais excessos e como o CORED atua nestes cenários?

Em minha percepção, os dados revelam uma ruptura com os Valores do Código de Ética da CAIXA e com as competências definidas ao seu líder. Respeito, honestidade, transparência, compromisso e responsabilidade são os Valores que a Empresa escolheu. Eles são os balizadores da conduta dos empregados, gestores ou não. Toda ação que estiver em desacordo com esses Valores, a princípio, é passível de responsabilização por meio de processo ético. A Comissão de Ética da CAIXA é responsável pelo julgamento dos processos éticos e ações preventivas e educativas envolvendo os Valores da Empresa.

Sobre o compartilhamento de senhas, a doutora foi categórica ao afirmar a proibição por ser a maior causa de fraudes na CAIXA. Diversos gestores argumentaram que, muitas vezes, é o único meio imediato para atender as demandas nas redes. O que pode ser feito diante dessas circunstâncias?

Ao descumprir a norma e compartilhar a senha, o empregado atrai um risco a si, assume uma responsabilidade que não é sua de resolver tal problema e que pode gerar um dano muito maior ao resultado focado no momento. Acredito que se realmente uma agência já tivesse parado por causa de processos de trabalho equivocados ou mesmo impossíveis de serem atendidos, os verdadeiros responsáveis já teriam sido acionados e provavelmente esses problemas não existissem mais. Entretanto, como aparentemente não há nenhum problema, porque fingimos que não existe ou damos um “jeitinho” de resolvê-lo, nada de novo é criado e não há solução.

A doutora comunicou que há um projeto de certificação digital na Empresa a fim de evitar tal conduta. Fale um pouco sobre esta iniciativa, a implantação e seus benefícios.

Identificamos que em praticamente toda fraude na Empresa, em algum momento, houve compartilhamento de senha e fragilidades criadas. A Comissão de Fraude Interna, corroborada pelo Comitê de Risco e Segurança, decidiu implantar o certificado digital nas operações da CAIXA como medida de segurança das operações à Empresa e ao Empregado. Não será mais possível compartilhar senhas, o que trará mais segurança aos processos e os problemas operacionais existentes terão de ser, de fato, resolvidos. Será uma quebra de paradigmas em nosso modelo de negócios. Ainda não temos data da implementação geral, mas afirmo que está próxima.

Quais as recomendações aos gestores a fim de se prevenir futuras fraudes?

Conheçam profundamente seus processos, contribuam para aprimorá-los, identifiquem as fragilidades, criem controles e monitoramentos para mitigá-las, coloquem-se na ótica do agressor de como fraudariam seu próprio processo. É preciso observar o que já aconteceu e o que ainda não ocorreu, mas tem potencial para que suceda.

Gestores apontaram que alguns normativos conflitam com as realidades das redes por serem elaboradas por profissionais que não as vivenciam. De que forma a doutora acredita que tais normas podem ser aprimoradas?

O sistema de Normativos da CAIXA possui uma ferramenta para receber críticas e sugestões. Imagine o impacto se a Área Gestora de um Normativo recebesse de todos os Gestores da Rede o feedback de uma Norma inadequada. Por que isso não acontece? Somos mais de 90 mil empregados. É claro que uma ou outra reclamação de Gestor da Rede pode até não ser decisiva, mas se há o problema, porque somente um ou outro formaliza a queixa?

Sobre o Código de Ética, a doutora afirmou que, mais do que simplesmente assinado pelos profissionais, ele precisa ser vivido em seus dia a dia. Qual é o significado deste documento na Empresa?

Para mim, o Código de Ética é a espinha dorsal de uma instituição, pois ele traz os Valores que devem nortear todo comportamento humano e direciona os esforços da Empresa em um foco e uma direção. Uma empresa sem Valores é um barco à deriva.

Qual parte da Empresa a doutora completa, enquanto corregedora?

A que vê no erro a oportunidade de crescimento. A que entende que sempre podemos fazer melhor, mas também a que vê a necessidade de sermos responsáveis e responsabilizados pelas decisões que tomamos.

Que mensagem a doutora deixa aos gestores da CAIXA?

Ser gestor da CAIXA traz muito mais ônus a bônus. Essa decisão deve ser acompanhada de muita clareza de propósito e não apenas pela pressão financeira. O que você faz tem que fazer sentido, trazer uma satisfação muito além da compensação financeira. O gestor é responsável pelo que acontece em sua área de trabalho e por toda a equipe que está sob seu comando. “Grandes poderes geram grandes responsabilidades”.